Artigo escrito pela Dra. Karina Rafaelli que traz interesse análise sobre o “Egoísmo”, considerado uma das chagas da Humanidade e que precisa ser melhor compreendido para sublimação de nossos Espíritos!
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Os Espíritos superiores nos asseveram, por várias vezes, através das obras de Kardec, que o egoísmo é a causa de todos os males da humanidade.
Mas qual seria a origem desta imperfeição que serve de empecilho para o desenvolvimento dos reais valores do Espírito?
Para compreendermos, precisamos nos reportar ao processo evolutivo do Espírito. Na questão 540 de “O Livro dos Espíritos”, os mentores espirituais nos informam que: “… tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo até o arcanjo, que também começou por ser átomo.” Portanto, tudo faz parte de um processo natural de progresso, onde o princípio inteligente caminha, inexoravelmente, rumo à perfeição e à transcendência, seguindo as leis divinas.
No livro “Evolução em Dois Mundos”, André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier, trouxe importantes informações complementares às obras básicas, sobre a trajetória evolutiva do princípio inteligente, pelos reinos da natureza, e como ocorre o processo de elaboração do perispírito. Traça sua ascensão pela filogênese até sua individualização na fase hominal, onde a consciência mostra-se estruturada, pronta para o aprendizado.
A análise de todos estes aspectos do desenvolvimento do ser imortal nos remete aos primórdios dos tempos, quando o instinto predominava, fazendo parte de um importante mecanismo de conservação da espécie.
Preservar a vida, em detrimento da vida de terceiros, foi primordial para que chegássemos à atualidade como Homo sapiens sapiens. Daí, entendemos que a origem do egoísmo está no instinto, um precursor para o desenvolvimento dos futuros sentimentos. Foi ele que contribuiu para que florescessem os primeiros laços afetivos no homem paleolítico, inicialmente através da maternidade, depois, pela formação dos primeiros clãs, tribos e sociedades.
Kardec reforça este pensamento no livro “A Gênese”, capítulo III, quando diz: “Estudando-se todas as paixões e, mesmo, todos os vícios, vê-se que as raízes de umas e outros se acham no instinto de conservação…” Um pouco mais adiante informa que “… o que era outrora um bem, porque era uma necessidade da sua natureza, transforma-se num mal, não só porque já não constitui uma necessidade, como porque se torna prejudicial à espiritualização do ser. Muita coisa, que é qualidade na criança, torna-se defeito no adulto. O mal é, pois, relativo e a responsabilidade é proporcional ao grau de adiantamento.” Passamos por uma fase de imaturidade espiritual, ainda pensando sermos o centro do universo, impelidos ao processo educativo de estágio em estágio, sujeitos às leis de atração da matéria, aprendemos a controlar os impulsos naturais primitivos que estão incrustados em nós. Quando estes impulsos são exacerbados pelo nosso descontrole, sujeitos ao livre arbítrio, levam aos desvios ou vícios morais, que fazem parte dos primeiros passos para o desabrochar de sentimentos mais elevados.
Compreender esses dispositivos da evolução como ensaios para o amor sublime, coroamento de todas as virtudes, e que fazem parte de um processo natural, transitório, com início no egoísmo e término no altruísmo, nos ajuda a ter um olhar mais complacente e menos julgador em relação ao nosso próximo.
Além disso, o conhecimento e o entendimento de tais mecanismos colaboram para acionarmos umas das potências da alma, a vontade, que segundo Leon Denis, no livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, ajuda a desenvolver todas as demais potências, todas as virtudes latentes no Espírito.
Que possamos ampliar um pouco mais a compreensão do amor incondicional exemplificado por Jesus, nosso modelo maior de perfeição, e nos esforçarmos, pela alavanca da vontade, para caminharmos em busca deste amor Crístico, em sua mais elevada manifestação, o amor ao próximo.
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Autora: Dra. Karina Rafaelli.
1 Comentário
Artigo muito esclarecedor, apresentando não apenas a causa dos vícios humanos, raiz de todas as tragédias pessoais e coletivas, como, principalmente, o remédio mais eficaz: a internalização dos ensinos de Jesus!
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