Seção: Palestras

Livro: Entre a Terra e o Céu – Parte III

I – Revisão

Estudamos que o pensamento possui forças mentais coagulantes, que ajudam a materializar o desejo que alimentamos em nosso íntimo.

Na história do livro, vimos que uma oração refratada de Evelina atingiu as esferas do Nosso Lar, e Clarêncio, junto com André Luiz e Hilário, foram atender o pedido de socorro.

Na casa de Evelina encontraram sua madrasta, Zulmira, sendo obsediada pela mãe de Evelina, Odila, que havia desencarnado há tempos.

Entendemos que o quadro de obsessão era possível porque havia grande sintonia entre Zulmira e Odila, causado pelo enorme remorso mantido por Zulmira em razão de ter alimentando em seu íntimo o desejo de ver o pequeno Júlio morto e o fato realmente ter ocorrido.

Júlio era filho de Amaro e Odila, tendo se afogado quando Zulmira desejava que isso ocorresse, tendo agido, inclusive, com negligência ao deixar a pequena criança entrar no mar sem companhia.

Vimos que Júlio desencarnou daquela forma porque foi suicida em outra vida e precisava resgatar parte das dívidas resultantes e que foi levado para instituição apropriada à recepção de consciências que desencarnaram ainda novos na vida física. No caso de Júlio, ele ainda se encontrava doente e acamado na instituição, em razão de possuir extensa chaga no interior da garganta.

Clarêncio explicou que na penúltima vida física, Júlio ingeriu corrosivo tentando se matar. Mas, foi socorrido, não morreu e perdeu a voz. Logo depois, conseguiu se matar afogando-se.

Assim, a morte por afogamento da última vida física resgatou parte do ato impensado.

Conhecemos a casa de Dona Antonina, jovem mãe de três filhos e que foi abandonada pelo marido.

Na casa de Dona Antonina, André Luiz e Hilário encontraram um velhinho desencarnado que, após regressão mental induzida por Clarêncio, rejuvenesceu. Com a análise dos registros mentais deste personagem, foi possível conhecer seu nome na última vida física, Leonardo Pires, assim como verificar que ele foi traído pela namorada e matou o amigo infiel envenenado.

Vimos que Leonardo Pires evocou Lola, a namorada infiel e Dona Antonina apareceu na sala. Ela explicou que após o desencarne passou a vagar pela Crosta Terrestre até encontrar a família de Leonardo, que ainda estava encarnado, sendo que passou a conviver no ambiente familiar, vindo a reencarnar como neta dele.

Terminamos o estudo com Leonardo Pires evocando Esteves, o amigo assassinado por ele.

II – Outra Evocação e História de Novo Personsagem

Depois de intensa evocação de Leonardo Pires, novo personagem surgiu na sala.

André Luiz narrou que se tratava de um homem com idade aproximada de 35 anos e que estava desdobrado. Ou seja, era uma pessoa encarnada que, desdobrado durante o sono físico, atendeu a rogativa.

Clarêncio (p. 117): “Sob a positiva invocação de Leonardo, Esteves, parcialmente libertado do sono, comparece ao desafio. O repouso noturno favorece tais entendimentos, pela atração magnética mais intensivamente facilitada, quando o envoltório de matéria densa exige recuperação”.

Leonardo passou a ameaçar Esteves e Antonina rogou que não houvesse brigas.

Narração de André Luiz: “Semi-apavorado e pondo-se em guarda, sacudido pelas próprias reminiscências, o recém chegado respondeu, agressivo: Conheço-te e odeio-te… Assassina, assassino.”

No instante que iniciaria briga física entre Leonardo e Esteves, Clarêncio interferiu e pediu para que Esteves esquecesse o crime ocorrido.

Após acalmar os dois, Clarêncio, com a ajuda de outros trabalhadores espirituais que foram requisitados, levou Leonardo para instituição onde receberia o socorro necessário.

Antonina foi levada para o corpo físico e despertou após receber muitos passes magnéticos.

Esteves, após receber passes de Clarêncio, voltou para sua residência, sendo seguido pelo grupo de André Luiz.

Esteves, na nova encarnação, chamava-se Mário Silva, era enfermeiro, mesma profissão da última vida física.

Esteves/Mário Silva descreve as lembranças da noite do desdobramento para sua mãe durante o café da manhã, relatando como terrível sonho.

A mãe de Mario Silva/Esteves perguntou se a mulher do sonho não seria Zulmira e se o homem que ele sentiu muita raiva durante o sonho não seria Amaro.

Mário Silva/Esteves afirmou que poderia ser sim e, por meio do diálogo entre mãe e filho, foi revelado que Mário Silva/Esteves foi noivo de Zulmira (nesta vida, eles estão acordados conversando) e que ela o deixou para casar com Amaro.

“Ora mamãe, evitemos recordações sem proveito. Zulmira não deve reaparecer em minha memória e esse Amaro que ela desposou é um ponto negro em meu coração. Creio que o melhor sentimento para eles dois em minha vida íntima é o ódio com que os reúno em minha lembrança. Não desejo revê-los e, francamente, se eu soubesse que residiam aqui, em nossa vizinhança, decidiria nossa transferência para outro rumo…” (p. 123).

André Luiz se assustou com as revelações e Clarêncio explicou (p. 124):

“(…) Realmente, o nosso amigo foi noivo de Zulmira, a senhora obsidiada que conhecemos. Pretendia desposá-la, mas foi preterido no coração dela por Amaro, que lhe deve assistência e carinho. O passado fala no presente. Acham-se enredados numa teia de compromisso que lhes reclamam resgate.”

III – Evocações de Mário Silva/Esteves

No dia seguinte, voltaram para casa de Esteves/Mário Silva, que estava tentando dormir, pensando no sonho da noite anterior.

Mário Silva/Esteves divagava sobre a possibilidade de ter sonhado com Zulmira e Amaro. Seu pensamento era de intenso ódio.

Adormeceu pensando no desejo de encontrar com Amaro e revidar o sonho da noite anterior.

Observando a conduta mental do enfermeiro, Clarêncio explicou (fl. 128):

“A paixão cega sempre. Nossa vida mental é a nossa vida verdadeira e, por isso, quando a paixão nos ocupa a fortaleza íntima, nada vemos e nada registramos senão a própria perturbação”.

Com o corpo físico em estado de repouso, Mário Silva/Esteves desdobrou-se e correu para rua, “à maneira de louco”.

Logo passou a evocar Amaro.

Em razão da evocação intensa, Amaro, desdobrado, compareceu.

Amaro apareceu e fugiu ao ver-se ameaçado. Esteves/Mário o seguiu.

Iniciou-se o diálogo entre os dois. Amaro humilde e Esteves/Mário furioso em razão de ter perdido a noiva. Amaro explica que não sabia do noivado.

Em razão da serenidade de Amaro, Mário Silva perguntou:

“Mário Silva/Esteves: Não me reconheces, acaso?

Amaro: Sim, reconheço-te, és Mário Silva, pessoa a quem devoto consideração e respeito.

Mário Silva/Esteves: Consideração e respeito? Que deslavado fingimento! Onde a prova de apreço, se me arrancas a noiva, engodando-a com mentirosas promessas?”

Amaro explica para Esteves/Mário que sua vida tem sido muito sofrida, falando dos fatos que ocorreram.

Esteves/Mário riu de Amaro, falou que não perdoava pela falta e que iria se vingar. Amaro interrompeu o diálogo agressivo e começou a rezar pedindo auxílio.

Diante dos fatos, Clarêncio determinou que atendessem a rogativa de ajuda.

IV – A História de Amaro, Zulmira e Mário Silva/Esteves

Clarêncio se fez visível e aproximou-se de Esteves/Mário e iniciou passes para que ele recordasse do passado.

Esteves/Mário lembrou da vida física passada, quando roubou Lola/Antonina de Leonardo Pires e foi assassinado por este último.

Esteves/Mário se recordou também que casou com Lina e recebeu em sua casa dois amigos, Armando e Júlio.

Certo dia, surpreendeu Lina e Júlio juntos, abraçados como namorados.

“Compreenderão, acaso, a dor do homem que se vê irremissivelmente atraiçoado pela mulher em que se apoia para viver? Entenderão o incêndio que lavra no espírito flagelado de quem, num minuto, vê destruídas as esperanças da vida inteira?” (p. 139).

Mário Silva/Esteves explicou que, em razão de desilusão, resolveu ir embora de Assunção e tornou-se alcoólatra.

Clarêncio perguntou se obteve notícias de Lina.

“Lina, que passei a odiar, era demasiada cruel. Achava-me não longe de Assunção, depois de três meses sobre a mágoa terrível que me fora assacada, quando vim a saber que Júlio fora igualmente escarnecido por ela. Certo dia, de volta ao lar, encontrou-a nos braços de Armando, o outro amigo que parecia consagrar-nos estima fraternal.”

E explicou que Júlio, sendo menos fraco que ele, Mário, resolveu ingerir corrosivo para se matar, mas não conseguiu, tendo, então se suicidado mergulhando em águas profundas de um rio.

Após a narrativa de Mário/Esteves, Amaro se revelou como Armando, o último amante de Lina.

Clarêncio determinou que todos ouvissem Amaro/Armando.

Amaro explicou que ele, Júlio e Esteves eram amigos inseparáveis, sendo que quando conheceram Lina, ambos ficaram encantados. Amaro relata que censurou os pensamentos, mas Júlio se entregou à paixão que sentia.

Júlio passou a seduzir Lina, até que um dia ela se entregou.

Amaro narrou que Esteves o procurou, contando o golpe que recebera, quando Amaro/Armando o orientou a não apelar para violência.

Foi o que Esteves/Mário fez, afastando-se de Lina e indo para outro lugar.

Amaro/Armando passou a ser assediado por Lina e lutou para resistir, até mesmo isolando-se.

Em razão do assédio acabou não resistindo e Júlio os flagrou. Após a morte de Júlio, Amaro/Armando, com remorso, voltou para a guerra e depois fugiu de Lina, casando com outra no Rio de Janeiro.

Certo dia, voltando para casa com sua nova esposa, atropelou Lina que foi ao Rio de Janeiro à sua procura, acabando por falecer.

Amaro/Armando explicou que veio a encontrar Lina e Júlio na vida extrafísica em condições de sofrimento, percebendo a necessidade de resgatá-los. Planejou reencarnação neste sentido.

Quem é Lina? Veremos isso e muito mais semana que vem!

 

V – Exercícios Mentais e Práticas Edificantes

Estes exercícios mentais e práticas edificantes visam despertar nossa atenção para a necessidade de alterar nossos hábitos, ajudando em uma efetiva reforma íntima.

Até agora, os exercícios mentais e as práticas edificantes que sugerimos para todos fazermos durante a semana são:

1 – Afastar todo e qualquer pensamento não edificante durante o dia a dia;

1.1           – Evitar “perder a razão” (estado de cólera, raiva);

1.2           – Indignar-se com serenidade e razoabilidade;

1.3           – Exercitar a indulgência (capacidade de compreender e não divulgar defeitos alheios);

1.4           – Não se queixar da vida, evitar reclamações diárias e negativismos/evitar pessimismo;

1.5           – Não criticar o próximo, não julgar;

1.6           – Não se ofender (compreender o outro);

2        – Sempre que passar por alguém emitir bons pensamentos (principalmente para pessoas claramente necessitadas);

2.1           – Fazer pequenas gentilezas a quem está próximo;

2.2           – Participar de algum programa de caridade;

2.3           – Cultivar o otimismo sempre;

2.4           – Cultivar a tolerância com as diferenças e erros alheios;

3        – Meditar cinco minutos por dia, ao menos três vezes na semana, preferencialmente antes de orar e preferencialmente antes de dormir;

4        – Leitura diária de mensagens curtas e edificantes, de preferência quando acordar e antes de dormir, de preferência antes de meditar/orar;

5        – Fazer Evangelho no Lar uma vez na semana;

6        – Perseverar;

7        – Estabelecer um hábito angular (hábito novo em sua vida, como deixar de ingerir alcoólicos, iniciar prática de exercícios, largar o cigarro, etc) e exercitar ao máximo o autocontrole dos atos cotidianos;

8        – Ser discreto (adotar a discrição sobre nossas vidas particulares);

9        – Analisar criticamente os estímulos recebidos, seja de nosso inconsciente, seja de espíritos encarnados e desencarnados.

10     – Zelar pela saúde do corpo físico.

11     – Orar diariamente.

Vamos rever a INDULGENCIA.

Indulgência é a conduta daquele que vê o defeito de alguém e silencia. Não julga, não critica e principalmente, não espalha aquilo que foi observado.

Conforme ensina André Luiz: “Indulgência é a caridade vestida de silêncio”.

Ora, não estamos nos propondo a realizar exercícios mentais para tornar nossa mente mais saudável e, também, evoluirmos moralmente, realizando uma efetiva reforma íntima?

Como iremos fazer isso falando mal das pessoas? Pior, falar mal das pessoas próximas (parentes ou amigo)? Ou aderir à maledicência?

Pelos que foi visto até o momento, ao divulgarmos os defeitos alheios nós:

a)  Emitimos vibrações mentais de baixo nível;

b)  Entramos em sintonia vibracional com espíritos inferiores;

c)  Proferimos palavras carregadas de energias inferiores.

Por isso, ninguém conseguirá uma ascensão moral possuindo o péssimo hábito de falar mal das outras pessoas, ou aderir a conversação desse tipo, simplesmente porque manterá sua mente enferma, emitindo vibrações inferiores.

Vejamos, também, os preciosos ensinamentos do Evangelho Segundo Espiritismo (Cap; ___, item ___):

“Queremos hoje vos falar da indulgência, esse sentimento tão doce, tão fraternal, que todo homem deve ter para com os seus irmãos, mas que tão poucos praticam.”

A indulgência não vê os defeitos alheios, e se os vê, evita comentá-los e divulgá-los”.

“A indulgência jamais se preocupa com os maus atos alheios, (…). Não faz observações chocantes, nem traz censura nos lábios, mas apenas conselhos, quase sempre velados”.

“Quando passareis a julgar os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos e vossos próprios atos, sem vos ocupardes do que fazem os vossos irmãos?”

“Sede, pois, severos convosco e indulgentes para com os outros”.

Portanto, o exercício mental que deveremos praticar será:

Exercitar a indulgência para com os atos/defeitos alheios, evitando pensamentos grosseiros e vibrações mentais inferiores, conduta que nos colocará em sintonia com a espiritualidade superior e melhorará nossa qualidade de vida.

 

 

 

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