Os Novos Paradigmas Para Conhecimento do Transcendente
Por Paulo Cezar Fernandes1
As experiências científicas realizadas desde o início do Século XX no campo da física de partículas, popularizado pelo nome de física quântica, bem como a moderna neurociência, permitem-nos contemporaneamente relacionar algumas das suas conclusões com as deduções trazidas pelos escritores Espíritas do início do século passado, tais como o filósofo Léon Denis e o Físico e Astrônomo Camille Flammarion, especialmente quanto à existência e preponderância de um ser inteligente, o Espírito, no domínio da matéria, comprovando algumas fundamentais revelações do Espiritismo organizado por Allan Kardec.
Confirmando algumas idéias encontradas desde há 8.000 anos nos Vedas e Vedantas, livros sagrados da tradição Hinduísta, e reafirmadas na filosofia grega clássica, as experimentações realizadas no campo da física quântica e da neurociência vêm apresentando alguns resultados que nos permitem relacionar as revelações Espíritas, então exclusivamente comprovadas pelas práticas mediúnicas, com as pesquisas sobre a matéria em estado “quântico”, especialmente sobre a existência de um corpo humano humano constituído a partir de matéria elementar e organizado pela Consciência Espiritual, denominado perispírito, o mesmo corpo sutil da filosofia indiana.
O Espiritismo nos revelou os mecanismos pelos quais a Inteligência organiza e sustenta o seu corpo etéreo, e, a partir da física quântica, podemos deduzir, embora ainda sem comprovação por equipamentos de medição, não por irrealidade do fenômeno, mas, apenas por insuficiência de tecnologia, que o corpo espiritual é um campo de energia eletromagnética organizado e sustentado pela força da vontade, esse atributo essencial do Espírito. É, pois, no corpo quântico chamado perispírito que a Inteligência organiza os pensamentos e por meio do qual circulam os campos de ondas geradas pelo ato de sentir e de pensar produzidos pelo Ser imaterial. O pensamento é, pois, um atributo essencial do Espírito que o comunica independentemente do funcionamento cerebral, fato este constatado desde tempos imemoriais no fenômeno da telepatia e, presentemente, com muita proficuidade por meio das chamadas “Experiências de Quase Morte”.
A neurociência contemporânea também já investiga um fenômeno que comprova ser no Espírito e não no cérebro a sede da volição, o qual é conhecido como princípio da “Plasticidade Cerebral”. Este princípio foi deduzido a partir da constatação empírica de que pacientes com idênticas lesões cerebrais recuperam em parte ou totalmente faculdades perdidas, alguns deles construindo diferentes “pontes neurais” para recuperação de capacidades cognitivas ou comportamentais prejudicadas com a deficiência neuronal, enquanto outros doentes não o conseguem. A explicação para este fenômeno, ainda não encontrada pela neurociência, mas, que o Espiritismo já trouxe há mais de 160 anos, é a famosa pré-existência e transmigração das almas, a reencarnação já deduzida por Sócrates e Platão, a mostrar a origem da diversidade da força da vontade em cada indivíduo.
Assim, as principais tentativas materialistas de se eliminar o Espírito empreendidas desde Schopenhauer e Nietzsche, passando por Freud e toda a sua escola psicanalítica, para deduzir a diversidade e singularidade das capacidades humanas com base, exclusivamente, na evolução genética impulsionada pela seleção natural e da formação sócio-cultural, mostram-se, na atualidade, absolutamente equivocadas. Após a divulgação das conclusões do Projeto Genoma em abril de 2001, contatou-se não haver diferenças genéticas significativas entre os humanos a justificarem a enorme diversidade de personalidades e caracteres individuais, assim como e, principalmente, a impossibilidade de transmissão genética de caráter ou de personalidade.
Outra conclusão importante do Projeto Genoma é a de que, embora seja ínfima a diferença genômica entre os seres humanos e os animais (1,2% em relação ao rato e 0,8% em relação ao chimpanzé), é flagrante a distinção cognitivo-emocional do Homem em relação com as demais inteligências da natureza, de modo que, o sempre invocado argumento da complexidade genética dos seres humanos foi totalmente derrubado. Aliás, uma das conclusões mais humilhantes para o materialismo foi a de que um simples grão de arroz tem quase o dobro da quantidade de genes que um corpo humano (50.000 para o cereal e 30.000 para o organismo humano), incluindo-se, evidentemente, neste total o cérebro físico, este deus do materialismo.
A segunda hipótese materialista, a da influência do sócio-culturalismo na formação da diversidade comportamental nos indivíduos, é também insuficiente, pois, são observadas flagrantes diferenças em irmãos gêmeos univitelinos criados na mesma família e no mesmo ambiente social, sendo que os exemplos mais significativos mostram casos em que um deles assume postura homossexual.
Portanto, após as conclusões do Projeto Genoma, a única explicação para a singularidade e exclusividade do fenômeno humano é a pré-existência e sobrevivência da Alma com o seu corpo perispiritual, o organismo biofluídico. Este corpo de matéria em estado quântico é o responsável pelo armazenamento do acervo de conhecimentos adquiridos pelo Espírito nos evos de sua evolução e transmigração por diversos corpos físicos, ou seja, nas inumeráveis reencarnações por que já passaram os mais de 7 bilhões de seres humanos encarnados. É através deste princípio evolutivo espiritual que a Inteligência humana desenvolve suas aptidões e faz diferentes os graus de conhecimento e vontade em cada indivíduo, preservando este acervo cognitivo-comportamental em seu corpo espiritual para as futuras experiências encarnadas.
Portanto, a pré-existência e transmigração das almas já deduzida por Sócrates e Platão desde a filosofia clássica grega, a mesma reencarnação do romantismo do século XVIII, é a única explicação racional para a diversidade da capacidade volitivo-intelectual do ser humano. Esta realidade pode ser constatada na contemporaneidade tanto por meio das Experiências de Quase Morte, quanto através do princípio neurocientífico da “plasticidade cerebral”.
Só a reencarnação é capaz de mostrar porque cada Espírito controla o seu órgão cerebral de modo singular e exclusivo. Tal capacidade dá-se por meio de um atributo essencial a cada ser humano, individualmente desenvolvido na sua história de vida, a saber, a vontade. Esta força do ânimo evoluiu a partir de uma potência germinal adquirida do Criador, sendo exercitada nos evos reencarnatórios para evolução, desde a inteligência manifestada em organismos unicelulares até a conformação biológica do corpo humano capaz de abrigar um Ser dotado de arbítrio livre.
Portanto, só a reencarnação revela a causa da inequívoca singularidade de cada representante do gênero humano que o torna exclusivo, a saber, a evolução personalíssima da vontade. São as inumeráveis experiências como Inteligência reencarnada, vivenciando personalidades diversas que faz a história de um indivíduo humano. Os traços indeléveis daquelas personalidades vivenciadas historicamente formam o seu caráter. Segundo o filósofo Immanuel Kant, é esse caráter que faz com que o valor de cada ser humano seja superior a qualquer outra coisa no universo, pois, enquanto coisas têm um preço e, portanto, podem ser substituídas, para além de qualquer preço, cada ente racional tem uma dignidade e é, por isso mesmo, insubstituível.
Estas capacidades do Ser imaterial, o Espírito, são conservadas durante toda a sua vida mostrandose plenas mesmo quando o corpo físico encontra-se adormecido durante o sono, através dos sonhos, ou, quando, após a morte, fica privada a Consciência de um corpo material grosseiro, e que, no entanto, ainda assim é capaz de se comunicar por intermédio do perispírito ligado ao perispírito de outro Ser encarnado, como demonstraram as irrefutáveis experiências mediúnicas de todos os tempos.
O fenômeno espiritual denominado sonambulismo magnético, ou, magnetismo, no tempo de Allan Kardec, é o mesmo fenômeno da Alma conhecido atualmente como hipnotismo. Contemporaneamente esta ciência evoluiu para usos diversos no campo da medicina, tanto para tratamentos espirituais (psíquicos), quanto em terapias para tratamento da dor. Sua explicação teórica se encontra no fato de a Consciência ter evoluído desde um princípio de inteligência criado por Deus simples e sem nenhum conhecimento, empreendendo a força da vontade sobre a matéria e constituindo os diversos corpos materiais dos quais se utilizou, desde a conformação mais simples das partículas quânticas, aos corpos unicelulares, até a formação de organismos mais complexos como o corpo humano.
Alguns fenômenos denominados equivocadamente paranormais constatados desde a mais remota antiguidade são realizados por Inteligências, as quais, embora livres de corpos físicos grosseiros, são dotados de corpos fluídicos, por meio dos quais realizam tais fenômenos que são percebidos por alguns outros Espíritos encarnados. A partir da criação da psicanálise freudiana, o fruto mais direto do materialismo de Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, tais fatos da Consciência passaram a ser equivocadamente atribuídos a neuroses traumáticas, ou seja, afecções do sistema nervoso provocadas por descontroles da faculdade da imaginação, a qual, superexcitada por traumas e estímulos externos ou internos do ânimo, provocariam distúrbios psíquicos com reflexos orgânicocomportamentais.
No entanto, atualmente, a invenção dos equipamentos de produção de imagens por campos eletromagnéticos vem auxiliando a ciência a investigar através das Experiências de Morte Aparente, como já o fizeram pesquisadores espíritas como Camille Flammarion por mais de 60 anos no início do século XX e, atualmente, os médicos Ian Stenvenson e Sam Parnia, que consciência e memória não são efeitos do cérebro e que, portanto, o Espírito não é uma abstração. Assim, é a própria ciência que comprova a existência e sobrevivência da alma, de modo que as teorias psicanalíticas de origem materialista paulatinamente perdem espaço, recuperando o Espírito a sua dignidade e primazia nesta relação existencial com um corpo físico denominada vida.
Embora ainda totalmente ignorada por parte da comunidade científica, a comunicação espiritual é um fato que se realiza por meio de ondas de pensamentos. Porém, ao contrário do que sustenta a filosofia da mente e a neurociência contemporâneas, filhas diletas do materialismo, o pensamento não é um atributo do cérebro, mas, sim, do Espírito, cuja existência manifesta-se, fundamentalmente, pelo pensamento. Além da já famosa dedução do cogito ergo sum de René Descartes, no século XVIII os Espíritos revelaram em O Livro dos Médiuns, cap. IV, item 76: “O pensamento, que não é senão o Espírito encarnado”, ou seja, em nosso momento evolutivo o Espírito não apenas se revela pelo seu pensamento, mas, se confunde com ele.
Estas revelações trazidas em um século onde a eletricidade apenas ensaiava seus primeiros passos são de fundamental importância para os estudos acerca das comunicações espirituais na contemporaneidade, quando a física quântica já revelou parte das leis que controlam os fenômenos ocorridos no universo da matéria infinitesimal, como é o campo do pensamento. A telepatia já é sobejamente estudada como uma forma efetiva de comunicação entre Espíritos encarnados. Igualmente, a mediunidade é conhecida como a maneira pela qual se dá a comunicação dos Espíritos desencarnados com os encarnados.
A partir dos princípios, leis e fundamentos trazidos com as revelações Espíritas, a contemporânea física de partículas nos permite deduzir o mecanismo dessas comunicações. As leis reveladas pela física newtoniana e as do eletromagnetismo permitiram o desenvolvimento das modernas comunicações, mostrando que idênticos campos de ondas são sintonizados por equipamentos que as decodificam gerando imagens e sons. As leis da física quântica embora ainda não totalmente descobertas, no entanto, já nos permitiram constatar a irresistível atração que ocorre entre elementos materiais em idêntico estado vibracional. Já se sabe que a matéria quântica ora se comporta como partícula, ora como onda, sofrendo diretamente a ação de um observador “imaterial” para assumirem tanto um quanto o outro estado.
Apesar das diversas tentativas materialistas de se objetivar estes fenômenos, tornando-os independentes de qualquer elemento não mensurável como uma consciência, estas se mostraram todas infrutíferas, não sendo possível afastar um “eu” consciente dos experimentos com a matéria em estado quântico. Ao contrário, as experiências demonstram que o observador imaterial, o Espírito, a Consciência, um Eu imaterial, dê-se o nome que quiser, interfere diretamente no estado das partículas.
A matéria, portanto, assimila o comportamento determinado pela Inteligência, e entra em consonância com outras porções materiais que se encontrem numa mesma frequência vibratória. Esta é a tese fundamental da teoria das supercordas, a mais recente hipótese sobre a matéria elementar gerada na origem do Universo. Essa teoria pleiteia, basicamente, que todo o Universo material é constituído por um tecido de partículas infinitesimais em estado quântico, filamentos de energia que vibram como uma corda de violino e que, de acordo com a frequência vibratória alcançada por essas partículas, constituem os diversos elementos materiais do Cosmo.
A teoria das “supercordas” encontra-se em perfeita consonância com as informações trazidas cem anos antes pelo Espiritismo, sobre a existência do Fluido Cósmico Universal, a matéria elementar criada por Deus, a qual, de acordo com a frequência vibratória, constitui os infinitos elementos materiais do Universo, informações essas que permitiram a Allan Kardec e a Léon Denis deduzirem: “Tudo vibra e se encadeia no Universo, desde o átomo até o Arcanjo.” Este é o fundamento da lei de atração que determina: semelhante atrai semelhante na medida da similitude.
Pois bem, um dos elementos naturais submetidos ao império desta lei é o pensamento, pois, sendo de origem intelecto-físico este atributo essencial do Ser inteligente é irresistivelmente afetado pela “lei da atração natural”. Os experimentos com o infinitamente pequeno realizados pelos físicos de partículas mostraram que a inteligência observadora interfere decisivamente no resultado da experiência, determinando se esta produzirá o colapso “quântico” do objeto na forma de partícula ou de onda. Walter Heitler (1949), físico alemão e um dos expoentes dessas pesquisas, chega a afirmar a impossibilidade de se conceber tais experiências sem a participação efetiva de uma inteligência imaterial, como uma “consciência observadora”.
Foram os físicos Fritz London e Edmond Bauer quem popularizaram a opinião de que o colapso quântico só se realizaria na presença de um ser consciente: “É somente a consciência de um “eu” que pode, em virtude de sua observação, montar uma nova objetividade ao atribuir ao objeto de agora em diante uma nova função.” (London & Bauer, 1952, p. 251-252, apud Oswaldo Pessoa Jr. O Sujeito na Física Quântica). E.P. Wigner (1962) entende que, no processo de redução ao “pacote de onda”, a consciência tem um papel indispensável (apud Oswaldo Pessoa Jr. idem).
Assim, as pesquisas recentes com a física de partículas nos permitem confirmar tanto o acerto da dedução de René Descartes, “penso, logo, existo”, ao mesmo tempo em que reafirmam as revelações Espíritas acerca da preponderância do Espírito sobre a matéria, a supremacia da vontade, a força essencial da Alma, sobre o determinismo genético: “Teu Espírito é tudo, teu corpo, simples veste que apodrece: eis tudo!” (O Livro dos Espíritos, pergunta 196, letra “a”).
Não foi por acaso que o filósofo e neurocientista Antonio Damásio, em sua famosa obra O Erro de Descartes, afirmou: “É claro que não é uma tarefa fácil: tirar o espírito do seu pedestal em algum lugar não localizável e colocá-lo num lugar bem mais exato, preservando ao mesmo tempo sua dignidade e sua importância; reconhecer sua origem humilde e sua vulnerabilidade e ainda assim continuar a recorrer à sua orientação e conselho. Uma tarefa indispensável e difícil, sem dúvida, mas sem a qual talvez seja melhor que o erro de Descartes fique por corrigir.” (p. 283).
Muito antes de Damásio, um outro neurocientista já havia tentado localizar o órgão da alma, explicitando sua teoria em um texto intitulado exatamente O Órgão da Alma. Trata-se do livro do pesquisador Samuel Th. Sömmering, publicado em 1796 com o título: Das Organ der Seele, então enviado ao filósofo da mesma cidade, Königsberg, Immanuel Kant, para apreciação deste último. A resposta de Kant para a pergunta se é possível estabelecer um órgão para a alma veio sob a forma de um artigo intitulado exatamente Sobre o Órgão da Alma:
“Mas o problema fundamental […] ainda não está resolvido. Ele não é meramente fisiológico, pois a sua solução deve também servir como meio de representar a unidade da consciência de si (que pertence ao entendimento) na relação espacial da alma com os órgãos do cérebro (que pertencem aos sentidos externos), portanto, também com a sede da alma, com sua presença não local – o que é um problema para a metafísica; contudo, não somente insolúvel para esta, como também, em si mesmo, contraditório. […] Ora, a alma só pode perceber a si mesma através do sentido interno; o corpo, pelo contrário, seja o de fora ou o de dentro, somente através dos sentidos externos. Portanto, ela não pode determinar absolutamente nenhum lugar para si mesma, visto que, para este fim, ela deveria tornar-se objeto de sua própria intuição externa e se deslocar para fora de si mesma, o que é contraditório. Por conseguinte, a solução solicitada do problema da sede da alma, que se exige da metafísica, conduz a uma grandeza impossível (raiz de – 2).” (Observações referentes a “Sobre o Órgão da Alma”, tradução de Zeljko Loparic).
Portanto, vê-se que as deduções de Kant acerca da impossibilidade de se determinar um local para a Alma coincidem com as revelações dos Espíritos, os quais nos informaram que, embora ligada a um corpo por meio do perispírito molécula a molécula, a Alma não está restrita ao mesmo, irradiando ao seu redor com tanto mais potência quanto mais moralmente evoluída. Dizendo tratar-se de uma grandeza impossível qualquer localização fisiológica para a alma, Kant refuta a hipótese materialista, inclusive a sua mais recente versão, o emergentismo, ou seja, a de que a alma é meramente uma emanação do cérebro.
Da mesma forma, alinhado com Kant, o Espiritismo igualmente assevera a impossibilidade de o Espírito conhecer sua essência, nem, tampouco, a essência do Criador. No entanto, avançando em relação à filosofia de Kant, as Consciências Cósmicas revelaram que esta impossibilidade cognitiva dá-se somente ante a condição evolutiva da humanidade terrestre, pois, o Espírito puro conhecerá o quid do qual é constituído, bem como “o quê” da constituição de Deus.
Outrossim, superando a filosofia de Kant, Allan Kardec mostrou, por experiências empíricas tratadas cientifica e filosoficamente em O Livro dos Médiuns, como é possível a alma deslocar-se para fora do corpo e obter, por via das suas faculdades cognitivas conservadas em seu perispírito, um melhor conhecimento de si mesma como Ente de cognição e de sentimentos, portanto, como Espírito infinito, acessando o seu acervo imperecível de memória das suas experiências pregressas.
Estas são as francas possibilidades de toda Inteligência que já busca, com coragem e honestidade, conhecer a si mesmo como um Ser que, para além da sua capacidade de cognição, já é capaz de modificar seus próprios sentimentos e de adquirir a tão festejada Virtude. Esta, segundo Kant, é a firme determinação da vontade na direção do dever e se expressa no seu imperativo categórico que ordena tratar a humanidade em si e em todo outro unicamente como fim e, nunca, como meio.
Conquistada a Virtude mediante o autoconhecimento, o primeiro dever de todo ente racional ainda segundo o filósofo, um mergulhar no inferno que nos propiciará elevação da Alma até alcançarmos uma condição sublime, o passo natural desta Consciência desperta será a busca pelo atendimento do imperativo do Amor ao Criador e ao próximo como a si mesmo. Só assim conquistará o Espírito o direito a uma felicidade perene, com uma bem-aventurança adquirida mediante a construção do Reino de Deus no próprio íntimo.
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1 Mestre na filosofia prática de Immanuel Kant pela UNESP
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