Fé e Medicina no Processo Curativo – Por Dra. Karina Rafaelli.
“ E ele lhe disse: tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.” (Lucas- capítulo 8, versículo 48)
O conceito de saúde dado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é de um completo bem estar físico, social, mental e, nós espíritas acrescentamos, espiritual. De acordo com Emmanuel, saúde é uma perfeita harmonia da alma. De fato, diversas vertentes de estudos científicos apontam que o indivíduo mais espiritualizado tem menor chance de desenvolver doenças, melhor recuperação e responde mais aos tratamentos médicos.
A fé é uma das virtudes que potencializa os resultados e pode modificar a evolução da doença, tendo sido apontada como fator de resistência às enfermidades. O estado otimista proporcionado pela fé ajuda o paciente a suportar melhor, a reagir, desencadeando reações orgânicas semelhantes às observadas nos estados afetivos e de tranquilidade. Esse enfoque, atualmente, está sendo mais bem aceito pela comunidade científica, já que temos inúmeros estudos que relacionam saúde e espiritualidade.
Dr. Harold Koenig, médico americano pioneiro na pesquisa entre fé e medicina, da Universidade de Duke, acredita que existem crescentes evidências de efeitos positivos dos aspectos espirituais e religiosos sobre a saúde.
Outro pesquisador de neurociência nas experiências religiosas e espirituais é o médico nuclear Dr. Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia. Seus experimentos mostraram que pessoas espiritualizadas apresentam alterações cerebrais no momento de “êxtase espiritual”, analisados através de exames de neuroimagem funcional. Entre os achados, as imagens mostraram que o córtex frontal (relacionado às funções mais nobres do cérebro) mostrou-se mais ativo e o lobo parietal (responsável por percepções temporais e espaciais), menos ativo.
Os cientistas consideram um avanço poder acompanhar através de exames “as impressões digitais químicas e elétricas da fé”, como descreveu o Dr. Newberg, já que a fé, teoricamente, não poderia ser quantificada, pois estaria fora da realidade física.
A importância dessas abordagens científicas é o suporte para a mudança de paradigma na investigação do ser humano. O enfoque do homem integral sinaliza para uma renovação nos procedimentos de tratamento do paciente, visando ao seu reajuste íntimo.
Efetuando-se a cura, para que não haja recidiva da doença, o empenho em condutas salutares, tanto morais como físicas, é necessário. Lembrando das palavras de Jesus sobre a cura do paralítico de Jerusalém “Eis que já estás são; não tornes a pecar para que não te sucedas algo pior” ( João 5: 1- 14).
Mesmo no caso de uma patologia grave, cujo processo curativo envolve uma complexidade de fatores, de acordo com as necessidades evolutivas e o merecimento de cada um, a fé promove uma maior tolerância ao sofrimento, independentemente da crença do indivíduo.
Santo Agostinho, no capítulo V de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, diz: “É a fé o remédio certo do sofrimento; ela mostra sempre os horizontes do infinito, diante dos quais se apagam os poucos dias sombrios do presente.”
A fé, portanto, é uma grande aliada no processo curativo, ajudando o doente a suportar o sofrimento e o tratamento com serenidade, otimismo, resignação e paciência. Mas, sozinha, a fé religiosa não é suficiente à cura, razão pela qual não devemos desprezar o tratamento da medicina humana, que também é de origem divina e permitida por Deus para o bem-estar da criatura.
A Doutrina Espírita, conciliando os aspectos científicos e morais, traz-nos a lição da fé raciocinada, esclarecendo que o estado de confiança deve ser solidificado pela força da razão e da compreensão e que o caminho da cura é a prática do bem, assim reforçando a recomendação de Jesus
1 Comentário
Muito esclarecedor.
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